Governo Juscelino Kubitschek: período, características e resumo

O governo de Juscelino Kubitschek foi marcado por um forte impulso desenvolvimentista, que buscava acelerar o crescimento econômico e modernizar a infraestrutura do Brasil.

Juscelino Kubitschek: presidente do Brasil entre 1956 e 1961.
Juscelino Kubitschek: presidente do Brasil entre 1956 e 1961.

 

Quem foi Juscelino Kubitschek e sua carreira política

 

Juscelino Kubitschek de Oliveira foi uma das figuras mais expressivas da política brasileira no século XX, reconhecido por seu otimismo desenvolvimentista e pela condução de um governo marcado pela modernização econômica e pela construção de Brasília. Natural de Diamantina, em Minas Gerais, formou-se em Medicina pela Universidade de Minas Gerais, mas ingressou na vida pública ao atuar como médico da polícia militar durante a Revolução de 1930.

 

Sua carreira política teve início com a nomeação como chefe de gabinete do então interventor Benedito Valadares, o que lhe deu visibilidade e espaço para crescer politicamente. Elegeu-se deputado federal em 1934, retomando o cargo em 1945, após o Estado Novo. Em seguida, foi prefeito de Belo Horizonte (1940-1945) e, mais tarde, governador de Minas Gerais (1951-1955), destacando-se por uma administração focada em obras de infraestrutura, o que lhe rendeu prestígio nacional e o preparou para a presidência da República.

 

A eleição de JK

 

A eleição de Juscelino Kubitschek para a presidência ocorreu em 1955, em um cenário político conturbado pela recente renúncia de Getúlio Vargas e pelos temores de instabilidade institucional. Candidato pelo Partido Social Democrático (PSD), com apoio do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Kubitschek venceu a disputa com uma plataforma de desenvolvimento nacional baseada na aceleração da industrialização e na modernização do país. Apesar da oposição de setores conservadores, sua vitória foi assegurada com a intervenção das Forças Armadas, que garantiram a legalidade do pleito por meio do movimento conhecido como "República do Galeão", liderado pelo general Henrique Lott. Seu mandato iniciou-se em janeiro de 1956 e se estendeu até janeiro de 1961.

 

Características do governo JK:

 

- Destacou-se pelo nacional-desenvolvimentismo, modelo baseado na ideia de que o Estado deveria promover e induzir o crescimento econômico por meio de investimentos em infraestrutura e na indústria de base.

 

- Sua administração foi marcada por uma política de abertura ao capital estrangeiro, sobretudo no setor automobilístico, o que contribuiu para a modernização da economia brasileira.

 

- Outra característica importante foi a prioridade dada à construção de grandes obras públicas, especialmente rodovias, usinas hidrelétricas e edifícios administrativos.

 

- O governo JK apresentou elevado dinamismo e otimismo, simbolizado pelo lema "cinquenta anos em cinco", que expressava a ambição de condensar meio século de progresso em apenas um mandato presidencial. Em quinto lugar, Juscelino promoveu uma significativa integração territorial por meio da construção de Brasília, uma nova capital federal planejada no interior do país.

- Favoreceu a ampliação da atuação do Estado como planejador e executor de políticas públicas, reforçando o papel estatal como agente central do desenvolvimento.

 

Foto de Juscelino Kubitschek na inauguração da General Motors.

Juscelino Kubitschek na inauguração da General Motors (março de 1959).

 

 

O Plano de Metas

 

No centro das ações do governo esteve o Plano de Metas, um ambicioso programa de investimentos elaborado para transformar estruturalmente a economia brasileira. O plano foi dividido em 31 metas, agrupadas em cinco grandes setores: energia, transporte, alimentação, indústria de base e educação, aos quais se somava a meta-síntese: a construção de Brasília. Cada uma dessas metas representava uma diretriz de modernização, como a expansão da capacidade de geração de energia elétrica, a ampliação da malha rodoviária, o estímulo à indústria automobilística e siderúrgica e a formação de recursos humanos para sustentar o desenvolvimento.


O Plano de Metas contou com o apoio de capitais nacionais e estrangeiros, além de empréstimos obtidos junto a organismos internacionais, e teve como consequência direta a aceleração do crescimento econômico e a urbanização do país, criando as bases para a industrialização moderna do Brasil.

 

Construção de Brasília e transferência da capital

 

A construção de Brasília e a transferência da capital federal para o interior do país foram decisões estratégicas do governo de Juscelino Kubitschek, inseridas no seu ambicioso Plano de Metas, que visava promover o desenvolvimento econômico e a integração nacional. Idealizada como símbolo da modernização e do progresso, a nova capital foi planejada pelo urbanista Lúcio Costa e pelo arquiteto Oscar Niemeyer, e construída em tempo recorde, entre 1956 e 1960.


A mudança da capital do Rio de Janeiro para o Planalto Central tinha o objetivo de interiorizar o poder político, reduzir as desigualdades regionais e estimular a ocupação e desenvolvimento do Centro-Oeste, em consonância com a proposta de integração territorial. O projeto, embora enfrentasse críticas quanto ao seu custo elevado e ao afastamento das elites políticas e econômicas da costa, representava a concretização da visão desenvolvimentista de Kubitschek, reforçando a ideia de um Brasil moderno, industrializado e voltado para o futuro.

 

Foto de Juscelino Kubitschek hasteando a bandeira na inauguração de Brasília.

Juscelino Kubitschek hasteando a bandeira na inauguração de Brasília.

 

 

Principais problemas enfrentados

 

Apesar dos avanços, o governo Juscelino Kubitschek enfrentou diversos problemas que comprometeram parte de seus objetivos e deixaram consequências de longo prazo. Entre os principais, podemos citar:

 

- Aumento expressivo da dívida externa, decorrente dos empréstimos contraídos para financiar as obras do Plano de Metas e da dependência de capitais estrangeiros.

 

- Crescimento da inflação, alimentada pelos altos gastos públicos, pelo aumento da circulação monetária e pela ausência de políticas fiscais e monetárias rigorosas.

 

- Aumento da desigualdade regional e social, já que os investimentos se concentraram em certas áreas urbanas e industriais, aprofundando as disparidades entre as regiões Sudeste e Nordeste, por exemplo.

 

- Houve também críticas ao autoritarismo na condução de algumas políticas públicas, especialmente no que dizia respeito ao financiamento das obras e à centralização das decisões, o que gerou tensões políticas com o Congresso e com setores oposicionistas.



Fim do governo

 

O fim do governo Juscelino Kubitschek, em janeiro de 1961, ocorreu dentro da legalidade institucional, e ele entregou o poder ao seu sucessor, Jânio Quadros, eleito em uma campanha populista e moralizadora. Juscelino deixou o governo com alta popularidade, sobretudo por sua imagem de realizador e por seu papel na construção de Brasília, inaugurada em 1960 como símbolo do progresso nacional. No entanto, o legado de seu governo foi ambivalente: por um lado, representou um marco no processo de modernização do Brasil, impulsionando a industrialização e a urbanização; por outro, deixou um passivo financeiro considerável e agravou problemas estruturais como a inflação e a concentração de renda.Ainda assim, a figura de Juscelino Kubitschek permaneceu como referência de otimismo e desenvolvimento no imaginário político brasileiro, sendo lembrado como um dos presidentes mais ativos e visionários da história republicana do país.

 

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RESUMO

Política desenvolvimentista: o governo buscou acelerar o crescimento econômico com investimentos em infraestrutura e industrialização.

Plano de Metas: programa que previa ações em setores estratégicos como energia, transporte, alimentação, indústria de base e educação.

– Energia: ampliação da produção de energia elétrica para sustentar o crescimento industrial.

– Transporte: construção de rodovias e incentivo à indústria automobilística.

– Indústria: atração de capitais estrangeiros e criação de polos industriais.

– Educação: expansão de escolas técnicas e programas de formação profissional.


Construção de Brasília: nova capital construída para integrar o território e representar o avanço nacional.

Abertura ao capital estrangeiro: políticas de incentivo à entrada de empresas multinacionais no país.

Crescimento econômico: aumento expressivo do PIB, da urbanização e da produção industrial.

Endividamento externo: financiamento dos investimentos com empréstimos internacionais, gerando aumento da dívida.

Estabilidade política:
governo civil com relativo apoio popular, apesar de críticas da oposição.

Cultura e modernização: incentivo à arquitetura moderna e valorização da identidade nacional.

 

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Por Jefferson Evandro Machado Ramos (graduado em História pela USP)

Publicado em 26/03/2025


 

RONALDO, Costa Couto. Brasília Kubitschek de Oliveira, Rio de Janeiro: Record, 2012.



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